Por Roberto Rockamann
28 de Outubro de 2024
As eleições presidenciais dos Estados Unidos, a ameaça de ampliação do conflito no Oriente Médio e a continuidade da guerra entre Ucrânia e Rússia, três fatores que poderão pesar sobre os orçamentos das nações desenvolvidas, trazem incertezas em relação a avanços importantes da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), que será realizada de 11 a 22 de novembro, no Azerbaijão. Isso poderá fazer com que a COP 30, que será realizada pela primeira vez no Brasil, em novembro de 2025, ganhe uma importância ainda maior, o que pode trazer a oportunidade de o país ocupar o protagonismo no cenário ambiental e energético global.
Essa foi a tônica do seminário realizado nessa sexta-feira, 18 de outubro, pelo Centro de Inovação para Transição Energética (ETIC). O evento marcou também o lançamento oficial do Centro, cuja missão é engajar alunos de graduação e pós-graduação, além de apoiar pesquisas científicas sobre a transição energética. “A transição energética é o caminho que a gente escolhe hoje para poder viver o amanhã, e nossa missão é engajar a geração Z e também apoiar pesquisa de ponta, com interação com empresas”, disse Celma de Oliveira Ribeiro, coordenadora do ETIC e vice-chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica.
Para engajar alunos da graduação, será aberta no próximo ano uma disciplina sobre transição energética voltada a alunos da graduação. A disciplina ainda contará com hackaton, uma forma de engajar os jovens. Além do engajamento da geração Z , o ETIC ainda busca contribuir a partir da formação de profissionais e pesquisadores de alto nível, com oferta de bolsas.
Geopolítica traz dúvidas sobre cenário ambiental
Para Erik Rego, vice-coordenador do ETIC, as eleições nos Estados Unidos poderão trazer incertezas em relação às políticas climáticas da maior economia mundial, enquanto há ameaças de que o conflito no Oriente Médio possa ser ampliado. “As expectativas em relação à COP 29 não são muito positivas”, disse Clauber Leite, diretor do Instituto E+ Transição Energética, que esteve na plateia.
A diretora de produtos da Climatempo, Gilca Palma, disse que as empresas as mudanças climáticas começam a trazer preocupações crescentes das empresas. Nos últimos seis anos, os projetos já nascem contemplando os riscos climáticos, um movimento que tende a crescer com norma que está sendo preparada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deverá exigir das empresas de capital aberto que descrevam em seus relatórios financeiros quais os riscos físicos que seus negócios podem sofrer com o aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos. “Nós estamos em um momento em que a variabilidade climática aumenta, em que recordes de temperaturas têm sido batidos e que empresas e investidores querem entender esses riscos”, afirmou.
Para a subsecretária de Energia e Mineração na Secretaria de Meio Ambiente do estado São Paulo, Marisa Barros, uma das palestrantes, um dos desafios que a transição energética trará e a criação de políticas públicas para que o processo seja equilibrado e justo.
O diretor da Poli, Reinaldo Giudici, celebrou o lançamento do ETIC e ressaltou que a transição energética é um dos temas prioritários que a Escola Politécnica trabalhará na graduação e pós-graduação. José Joaquim do Amaral, do Conselho da Fundação Vanzolini, destacou que o processo da transição energética irá reforçar a importância da multidisciplinaridade.
O evento marcou o lançamento oficial do ETIC, parceria entre o Departamento de Engenharia de Produção (PRO) da Escola Politécnica (Poli) da USP, a Cosan, e a Fundação Vanzolini.
Evento de Inauguração do ETIC
18/10/2024
2024
09:30-12:30
Av. Prof. Luciano Gualberto, 1380 – Butantã, São Paulo – SP, 05508-010 Auditório Prof. Francisco Romeu Landi, localizado no Prédio da Administração da Poli.